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ERC – Relatório de Regulação 2016 · Volume I

170

LITERACIA PARA

OS

MEDIA

– PLANO

DE AÇÃO DA ERC

A ERC NO TERRENO

DA LITERACIA MEDIÁTICA

O tema da literacia mediática não é novo para a ERC

e o trabalho que desenvolve nessa área tem vários

anos. Surge aqui a oportunidade de apresentar um

balanço sobre a forma como este plano de ação se foi

enraizando na atividade do regulador e como passou

a ser uma linha de trabalho fundamental e em pleno

desenvolvimento, integrando anualmente o plano

de atividades da instituição.

Não é demais lembrar que áreas como a da

regulação dos órgãos de comunicação social, que

lidam com conceitos e temas bastante complexos

e específicos (como, por exemplo, a proteção de

menores, o pluralismo político, o rigor informativo,

entre muitos outros), inevitavelmente colocam

dificuldades relativamente ao modo de os comunicar.

Este é um aspeto especialmente relevante dado que

o conhecimento resultante da regulação dos

media

tem todo o interesse para o público em geral.

Esclarece‑se que, por opção, não se reflete aqui sobre

os múltiplos conceitos e teorização existente em torno

da área da literacia mediática, mas apenas se enquadra

a forma como a ERC se tem posicionado neste terreno.

Sublinhe‑se que a literacia mediática enquanto área

de intervenção não é do interesse exclusivo da ERC,

sendo múltiplos os agentes da sociedade – organizados

ou a título pessoal -, quer a nível nacional, quer

internacional, que a ela dedicam trabalho e recursos.

Alguns abordam-na como campo de pesquisa ou de

trabalho, outros assumem-na como causa e militam

a seu favor. Com alguns desses agentes, como se

verá, a ERC tem mantido contacto, ora de forma

pontual, ora de modo permanente, num intercâmbio

de conhecimento, saber e experiências.

A PERSPETIVA DO REGULADOR

Educação para os

media

, educação para as tecnologias

da informação e da comunicação, literacia digital,

literacia dos

media

e da informação, são múltiplos

os conceitos utilizados como sinónimos ou áreas de

interseção da literacia mediática. Justificada a decisão

prévia de ultrapassar uma reflexão sobre os debates

teóricos que esta multiplicidade de nomenclaturas

acarreta, clarifica‑se que a ERC tem utilizado como

principal referência a definição de literacia mediática

presente na Recomendação da Comissão Europeia,

de 20 de agosto de 2009 (sobre literacia mediática

no ambiente digital):

«A literacia mediática é a capacidade de aceder aos

media

, de compreender e avaliar de modo crítico os

diferentes aspectos dos

media

e dos seus conteúdos

e de criar comunicações em diversos contextos.»

Esta definição, que propõe a literacia mediática como

sinónimo de múltiplas capacidades na relação com os

media

, pressupõe que os indivíduos que desenvolvam

essas capacidades estarão aptos a desempenhar um

papel mais ativo e participativo na vida quotidiana

da sociedade e a lidar melhor com a permanente

“avalanche” de informação e de inovação tecnológica.

E é precisamente isso que se pretende para que

a sua cidadania seja vivida em pleno e de forma

verdadeiramente inclusiva.

Ainda que cada um de nós possa ter maior ou menor

propensão para a relação com os

media

, a verdade é que,

como é normal na aquisição de qualquer capacidade,

também a literacia mediática implica um processo de

aprendizagem. A expressão ”nativos digitais” enraizou‑se

como forma de designar todos aqueles que nascem

e crescem cercados de tecnologias digitais, os quais,

à partida, têm maior predisposição para o contacto com

os

media

. No entanto, a aquisição de competências

de literacia mediática é para todos - crianças, jovens,

adultos e idosos.

É fácil perceber que assim é, se tivermos em conta que

no dia a dia todos somos chamados a relacionar-nos

com e através dos

media

, seja na escola, no trabalho,

em casa, nos transportes, e em múltiplas e variadas

circunstâncias.

Embora esta seja uma área que exige um franco

investimento na capacitação do cidadão comum (entre

os quais existem níveis de literacia muito díspares),

é essencial que os próprios

media

e os organismos

que com eles se relacionam diretamente (como os

reguladores) cultivem e incrementem a sua própria

literacia mediática, com a preocupação de dela fazer

beneficiar os que possam estar mais arredados.

É ponto assente entre quem se dedica a trabalhar esta

área, que a literacia mediática é resultado de uma

aprendizagem que se realiza ao longo da vida, nos mais

variados contextos – formais e informais – muitas vezes

de uma forma aparentemente tão natural que nem nos