ERC – Relatório de Regulação 2016 · Volume I
118
como sites de comparação de preços, e hoje, o negócio
digital já representa mais de 72 % dos seus resultados
operacionais.
Há uns anos atrás, o empresário vendeu títulos como
o
Hamburger Abendblatt
e o
Berliner Morgenpost
, por
mais de 1,2 mil milhões de dólares e comprou mais de
15 empresas digitais nos últimos dez anos. Para além de
negócios fora do setor de
media
, atualmente é o dono do
Business Insider
e do
eMarketer
, um
publisher
de dados
de mercado digital. No ano passado aliou‑se à Samsung
para criar a Upday, um serviço de notícias móvel que
combina algoritmos com editores humanos para fornecer
notícias personalizadas aos utilizadores.
Neste enquadramento, e não obstante os casos de
sucesso que possam existir, a remuneração da produção
de conteúdos tende a diminuir, face ao aumento da
oferta legal mas também estimulada por fenómenos
de distribuição de conteúdos por parte de plataformas
tecnológicas existentes, cuja legalidade é discutível,
à luz da existência de direitos de autor.
É por demais evidente a distribuição indiscriminada de
conteúdos, em várias plataformas, sem que o seu autor
seja remunerado. Essa distribuição alimenta o sucesso
das plataformas tecnológicas e atrai para elas mais
conteúdos e mais publicidade. Não só os conteúdos são
distribuídos gratuita e sucessivamente, sem remunerar
o autor, como as plataformas canibalizam o proprietário
legitimo dos conteúdos ao atrair receitas de publicidade.
A utilização crescente da Internet estimula também a
dispersão da publicidade e a redução do seu preço, o que
afeta diretamente uma das principais fontes de receita dos
órgãos de comunicação social regulados. Esta dispersão
reflete, por um lado, a escala da Internet e o crescente
investimento publicitário nas diversas plataformas
disponíveis
online
e, por outro lado, a cada vez maior
discricionariedade, do lado do utilizador, na escolha
do consumo de conteúdos, que tendencialmente exclui
os conteúdos publicitários.
O fenómeno digital também cria espaço para a entrada
de novos intervenientes no setor, quer a nível de
produção de conteúdos, quer a nível de distribuição,
como as ofertas
over-the-top
, que contribuem para
o aumento da concorrência e consequentemente
afetam tanto a quantidade como o preço de venda das
empresas tradicionais.
Por outro lado, o STVS tem uma importância
fundamental nas estruturas de receitas das empresas
de
media
. Por um lado, o número de subscritores
continua a crescer e, a par disso, face à diminuição
das receitas de publicidade, as subscrições podem ser
fontes de proveitos alternativos.
Apesar de as empresas de distribuição de STVS serem
apenas quatro, a elevada intensidade capitalística do
segmento e a pequena dimensão do mercado português
sugerem que os intervenientes possam estar a operar
em situação bastante concorrencial. Os dados de quotas
Fig. 24 -
Importância da Internet, especialmente nos jovens, antecipa as tendências futuras do setor.
Fonte:
As Novas Dinâmicas do Consumo Audiovisual em Portugal
– ERC 2016.
%
UTILIZADORES REGULARES DE INTERNET,
POR IDADE (%): É UM UTILIZADOR DE INTERNET
(PELO MENOS UMA VEZ POR SEMANA?)
55A64
ANOS
65OUMAIS
ANOS
36,6 36,1
63,9
11,5
88,5
120
100
80
60
40
20
0
15A24
ANOS
25A34
ANOS
35A44
ANOS
45A54
ANOS
96,3
3,7
63,4
93,1
6,9
81,4
18,6
SIM NÃO
ATIVIDADES REALIZADAS NA INTERNET:
PARA QUE ATIVIDADES USA A INTERNET?
Outros
Televisão
Rádio
Redes sociais
Jogos
Blogs
Telefonar
Informação profissional
Jornais e revistas
Video profissional
Video amador
Informação lúdica
Msg
Redes sociais
E-mails
18 %
21 %
23 %
25 %
28 %
30 %
50 %
53 %
54 %
58 %
59 %
63 %
68 %
80 %
87 %