ERC – Relatório de Regulação 2016 · Volume I
98
ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA
DO SETOR DE
MEDIA
EMPORTUGAL 2016
1.
ENQUADRAMENTO
MACROECONÓMICO E
TENDÊNCIAS SETORIAIS
2016 foi um ano de recuperação para a economia
portuguesa, face a 2015, mesmo que a um ritmo
inferior. De acordo com as estimativas do Eurostat,
a economia portuguesa cresceu 1,4 % em 2016,
ligeiramente menos que a taxa de crescimento de 1,6 %
registada no ano anterior, mas a demonstrar aceleração
no final do ano (Fig. 1).
De acordo com os dados do Boletim Estatístico
do Banco de Portugal, o crescimento em 2016 foi
largamente explicado pelo aumento do consumo e do
investimento privado, sendo que, no último trimestre de
2016, a formação bruta de capital fixo cresceu 4,5 % em
termos homólogos, a reverter as contrações registadas
nos trimestres anteriores.
O setor exportador de bens e serviços também registou
uma melhoria bastante acentuada ao longo do ano,
seguida de muito perto pela componente importadora,
que parcialmente anulou o efeito positivo da exportação.
As trajetórias de crescimento anuais e trimestrais
replicaram fielmente as verificadas na Zona Euro, onde
a taxa de crescimento anual em 2016 atingiu 1,8 %,
ligeiramente superior à de Portugal.
Consistentemente com a recuperação económica, a
taxa de desemprego desceu, fechando o ano de 2016 em
10,2 %. Contrariamente ao que aconteceu em 2015, a
produtividade do trabalho desceu e os custos unitários
do trabalho aumentaram, uma tendência também
verificada na Zona Euro, embora com menor amplitude
do que no caso português.
A inflação portuguesa recuperou e o índice harmonizado
atingiu os 0,9 % de variação homóloga em dezembro
de 2016, valor que refletiu a trajetória ascendente dos
preços, tal como se verificou na Zona Euro. Em termos
anuais, a inflação média em Portugal, medida pelo
mesmo índice, atingiu 0,6 %, acima dos 0,5 % de 2015
e dos 0,2 % registados na Zona Euro. A menor deflação
dos preços de bens industriais energéticos e não
energéticos a par de um aumento da inflação registada
nos preços dos serviços explicaram o fenómeno.
Contrariamente ao panorama da Zona Euro, em
termos agregados, a concessão de crédito portuguesa
permaneceu em contração durante 2016 e o custo
de obtenção de financiamento manteve‑se em queda,
reflexo da política monetária ultra expansionista
adotada pelo Banco Central Europeu. No entanto,
o crédito mal parado em proporção do crédito
total aumentou ligeiramente, o que se explica
fundamentalmente pelo segmento de empresas.
A balança de transações correntes saldou‑se positiva,
graças à balança de serviços, uma vez que a balança
comercial foi deficitária. De salientar que ambas
registaram uma melhoria face a 2015. O investimento
estrangeiro direto líquido também fechou o ano
negativo, mas foi compensado pelos investimentos em
ativos financeiros, o que significa que entrou dinheiro
na economia portuguesa, destinado ao investimento
em títulos, vindo do exterior, mas o investimento
estrangeiro em ativos fixos diminuiu.
PORTUGAL
ZONA EURO
1T2016 2T2016 3T2016 4T2016 1T2016 2T2016 3T2016 4T2016
Tx. crescimento PIB homóloga
0,9 % 0,9 % 1,7 % 2,0 % 1,7 % 1,6 % 1,8 % 1,8 %
Consumo privado
2,5 % 1,6 % 1,9 % 3,0 % 1,9 % 1,9 % 1,8 % 1,9 %
Gastos Estado
1,3 % 0,5 % 0,2 % 0,3 % 2,0 % 2,1 % 1,7 % 2,6 %
Formação Bruta de Capital Fixo
-2,6 % -2,2 % -0,1 % 4,5 % 2,4 % 3,8 % 2,4 % 5,1 %
Exportações
3,4 % 1,9 % 5,6 % 6,4 % 2,4 % 2,5 % 2,7 % 3,8 %
Importações
4,7 % 1,5 % 3,9 % 7,3 % 3,4 % 4,1 % 2,9 % 5,5 %
Fig. 1 -
Indicadores macroeconómicos - o PIB português continuou a crescer em 2016.
Fonte: Boletins Estatísticos Banco de Portugal, janeiro 2017 e abril 2017.