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ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA DO SETOR DE
MEDIA
EM PORTUGAL 2016
registarem‑se nas publicações das áreas de sociedade,
feminina e de televisão. Em 2016, o Grupo Impresa
manteve a aposta no crescimento das assinaturas, em
papel e digital, o que se refletiu numa subida de 13,5 %
das receitas da rubrica, tendo sido ultrapassada a
marca dos cinco milhões de euros. As receitas digitais
cresceram 22,7 %, alcançando pela primeira vez o
valor de um milhão de euros e representando 5,4 %
do total das receitas de circulação em 2016. As receitas
digitais de publicidade e circulação subiram 16,4 %,
contrariando a queda geral no
Publishing
, representado
9,6 % do volume total desta área de negócios.
Apesar da estrutura de custos operacionais do Grupo
se ter tornado mais leve, tal não foi suficiente para
compensar a quebra das receitas, causando uma
descida dos resultados antes de impostos, resultados
financeiros, depreciações e amortizações (EBITDA)
superior a 30 % acompanhada, naturalmente,
da respetiva degradação da margem.
A redução dos custos financeiros prosseguiu durante 2016,
resultado de uma redução do custo do endividamento e
do reconhecimento de menores perdas cambiais, mas
ainda assim, o resultado líquido em 2016, diminuiu cerca
de 32 % face a 2015, atingindo 2 760 mil euros.
A capacidade de geração de
cash flow
operacional foi
fortemente afetada e apesar de ter sido suficiente para
cobrir os investimentos em ativos fixos realizados em
2016, não foi suficiente para cobrir os juros da dívida,
o que originou um aumento do endividamento total.
Os fluxos de caixa operacionais apenas cobriram 3 %
do endividamento financeiro total, valor que desce
para 1,2 % após realização de investimentos em ativos
fixos. Tanto os fluxos de caixa operacionais como o
EBITDA de 2016 não perfizeram montante suficiente
para cobrir a dívida que se vence em 2017. Por outro
lado, a dívida de curto prazo sofreu um aumento
significativo em 2016, o que coloca questões quanto ao
seu refinanciamento futuro e pode ser, em parte, uma
explicação para a diminuição dos custos financeiros.
Assim, o Grupo Impresa apresentou, no final de 2016,
um
stock
acumulado de dívida de dimensão relevante,
que, apesar da diminuição registada face a 2015,
permaneceu elevado em relação à capacidade de
geração de
cash
. A dívida líquida excedeu o EBITDA
em 11,8x, acima das 7,7x registadas em 2015.
Em 2016, o Grupo Impresa não cumpriu os limites
impostos em alguns contratos de financiamento para
determinados rácios financeiros, como por exemplo o
de dívida líquida/EBITDA ou autonomia financeira. Este
incumprimento poderia ter despoletado a obrigação de
reembolso antecipado dos respetivos montantes aos
credores, não tivesse sido o Grupo dispensado do seu
cumprimento, por parte dos intermediários financeiros.
Neste enquadramento, o Grupo Impresa, cujas ações se
encontram cotadas na Euronext Lisboa, não distribuiu
dividendos relativos a 2016.
Milhares de euros
2016
2015
2014
Receitas de exploração
205 997
230 922 237 780
EBITDA
15 526
22 545
31 944
Resultado líquido
2 760
4 028
11 006
Ativo
413 984
403 474 407 080
Passivo
269 742
261 701 269 484
Capital próprio
144 242
141 773 137 596
Fig 35 -
Sumário de indicadores financeiros.
Fonte: Demonstrações financeiras, elaboração ERC.
JACQUES RODRIGUES
De acordo com os registos da ERC, Jacques Rodrigues
é proprietário de revistas como a
Maria
, a
TV 7 dias
,
a
Nova Gente
, a
Ana
e a
VIP
, todas elas com tiragem
média, em 2016, superior a 15 mil exemplares e, no
caso das duas primeiras publicações referidas, superior
a 100 mil exemplares.
No entanto, Jacques Rodrigues, à semelhança de 2015,
em
dirigido à ERC, esclareceu que não dispõe
de contabilidade organizada.
Quando se observa o
site
de Internet da empresa
Impala, constata‑se que esta atua em diversas áreas
de negócio, com particular relevo do sector editorial,
através da publicação de revistas em Portugal, onde se
incluem a
TV 7 Dias
, a
Nova Gente
, a
Maria
, a
Ana
, a
VIP
,
a
Segredos de Cozinha
e a
Mulher Moderna na Cozinha
.
A empresa Impala‑serviços Editoriais S.A., presente
em Portugal desde o início dos anos 70, esteve em
Processo Especial de Revitalização (CIRE) desde 2014,
cujo anúncio de sentença foi divulgado em 17 de junho
de 2016.
O Grupo Impala, para além das revistas e
sites
de
Internet relacionados que edita, promove também a
publicação de livros, gere subscrições e está presente
em outros setores, para além da comunicação
social, como a gestão Hoteleira (Ondamar Hotel), o
desenvolvimento de projetos de arquitetura, engenharia
e construção de imóveis, através da empresa Actitur.
Na área das publicações, o grupo Impala está presente
internacionalmente em Espanha, Reino Unido e Brasil.
O Grupo Impala disponibilizou à ERC as contas da
Worldimpala.netLda. No
site
www.Impala.pt, na
ficha técnica da Impala News Portal de Notícias,