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PLURALISMO E DIVERSIDADE NOS SERVIÇOS DE PROGRAMAS TELEVISIVOS
ANÁLISE DA INFORMAÇÃO DIÁRIA –
RTP1
,
RTP2
,
SIC
, E
TVI
No “Jornal da Noite”, da
SIC
, são classificadas com
registo
outros
as previsões meteorológicas que o pivô
apresenta no final da edição, mas também rúbricas
que se mantêm há alguns anos nos alinhamentos deste
noticiário, como a rúbrica tecnológica “Futuro Hoje”
e a rúbrica gastronómica “Ir é o melhor remédio”.
A sua inclusão é antecedida de um separador gráfico
que as identifica e distingue.
Também nas edições do “Jornal das 8” se identificam
conteúdos classificados com registo jornalístico
outros
.
Um exemplo é a rúbrica gastronómica “Mesa nacional”.
Outro caso são os sorteios do concurso Euromilhões
que em 2016 continuam a ser integrados em edições
do noticiário da
TVI
.
O “Telejornal” deixa de ter comentadores políticos
residentes como Sócrates ou Morais Sarmento
Uma diminuta presença de conteúdos classificados
como
comentário/opinião
nas edições do “Telejornal”
acentua‑se em 2016. Um dos factos que se evidencia
é a inexistência de comentários de André Macedo nas
edições analisadas nesse ano, enquanto em 2015 foi
o comentador mais presente (na qualidade de diretor
do
Diário de Notícias
e comentador
RTP
)
8
.
Para além disso, a
RTP
deixou de incluir espaços
regulares de comentário político nas suas
edições. Recorde‑se que espaços como o do
ex‑Primeiro‑Ministro, José Sócrates, (“A opinião
de José Sócrates”) e do ex‑deputado do PSD,
Nuno Morais Sarmento, (“A opinião de Nuno Morais
Sarmento”) compuseram os alinhamentos deste serviço
informativo.
Em abril de 2015, uma mudança de estratégia editorial
extinguiu esses espaços de comentário político, sendo
remetidos para o serviço de programas temático
informativo,
RTP3
.
Essa orientação manteve‑se até à edição de 27 de
novembro de 2016, altura em que o “Telejornal” estreou
um novo conteúdo, “Confronto”, um espaço de debate
em estúdio entre dois comentadores publicamente
reconhecidos pela sua atividade político‑partidária
(Ana Gomes do PS e Nuno Morais Sarmento do PSD)
9
.
O “Jornal 2” tem mais
entrevistas
e
comentários
Já no “Jornal 2”, apesar do predomínio de peças
de
registo informativo,
cerca de 11,0 % dos seus
conteúdos são momentos de
comentário/opinião
e uma percentagem equivalente são
entrevistas
.
Em termos de formato, as edições do “Jornal 2”
caracterizam‑se por reservarem alguns momentos
à realização de
entrevistas
e também por receberem
comentadores em estúdio que se pronunciam
sobre assuntos da atualidade informativa, muitas
vezes abordados em anteriores peças informativas
do alinhamento
6
.
Esse perfil do noticiário da
RTP2
é patente no conjunto
das 30 edições analisadas: 20 tiveram pelo menos
um momento reservado ao
comentário/opinião
e
em 27 foram realizadas 45
entrevistas
(ou seja, mais
do que uma por edição).
Os
Debates
estão praticamente ausentes
dos noticiários
Os
debates
são outro registo praticamente ausente das
edições dos blocos informativos. Identifica‑se apenas um
debate
entre especialistas em torno da temática do
bullying
infantil na edição de 3 de maio do “Jornal da Noite”.
As rúbricas temáticas compõem as escolhas de quase
todos os noticiários
Verifica‑se, no entanto, que os alinhamentos dos
quatro noticiários não se esgotam nas peças com os
registos acima identificados. Em todos foi identificada
uma percentagem diminuta de peças classificada com
o registo
outros
.
Como exemplo de conteúdos identificados dessa forma,
refira‑se o “Jornalíssimo”
7
, que estreou a 14 de setembro
no “Jornal 2”. Nesse espaço, Joana Fillol, «comentadora
Jornal 2/Jornalíssimo», surge em interação com o pivô
do noticiário, divulga e analisa notícias destacadas pelo
seu jornal digital com o mesmo nome. Em cada edição
lança uma pergunta ao público jovem que deve ser
respondida no sítio eletrónico do jornal.
6)
Essa característica do “Jornal 2” é evidenciada na própria sinopse do programa no sítio eletrónico da RTP
(http://www.rtp.pt/programa/tv/p16478): «O formato acomoda
um convidado ou comentador em estúdio».
7)
A rúbrica “Jornalíssimo”, do “Jornal 2”, parte do projeto de jornalismo digital com o mesmo nome. Segundo o estatuto editorial desse projeto, que está publicado
online
(http://www.jornalissimo.com/estatuto-editorial), o “Jornalíssimo” «é um jornal digital de informação geral destinado a jovens». Esse projeto de jornalismo digital
nasceu no UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia, da Universidade do Porto.
8)
Refira-se que em agosto de 2016 André Macedo deixou o cargo de diretor que ocupava no
Diário de Notícias
e passou a ser Diretor-adjunto de informação da RTP.
9)
A amostra de 2016 não incluiu nenhuma edição deste espaço de debate, ausência que se reflete nos resultados apresentados.