

ERC – Relatório de Regulação 2016 · Volume II
148
Existência de sensacionalismo:
Esta variável resulta
de um conjunto de indicadores previamente definido
que tem como objetivo global contribuir para a avaliação
da isenção e do rigor informativo. Considera‑se
sensacionalista o tratamento jornalístico que visa criar
ou acentuar sensações e emoções nos telespectadores,
nomeadamente sem haver uma relação factual com os
acontecimentos e problemáticas reportadas. As variáveis
utilizadas para o caracterizar são as seguintes:
1. Exploração de sensações através da captação/
edição de imagens:
Localiza excertos das peças em
que o operador recolheu e/ou editou as imagens
alterando a sequência real dos acontecimentos e/ou
o seu significado manifesto, associando um sentido
emotivo à narrativa visual;
2. Exploração de sensações através do recurso a
música/sons:
Identifica a utilização de elementos
sonoros (música, outros efeitos pós‑produzidos)
inexistentes no momento da captação das imagens/
sons do acontecimento pelo operador, e que conferem
um sentido emotivo à peça;
3. Destaques gráficos/bolachas com estilo apelativo:
Reconhece as peças em que existem elementos
gráficos atrativos com uma função de aliciamento
sobreposta à função de informar;
4. Presença de
fait‑divers
:
Identifica o tratamento
jornalístico em que a narração dos factos é feita
através do seu lado inusitado ou pitoresco. Os temas
são apresentados de forma ligeira, salientando‑se
a curiosidade ou a comicidade do acontecimento;
os atores são caracterizados por uma característica
privada ou íntima ou, se pública, através de um
aspeto caricato ou bizarro;
5. Reconstituições utilizadas para produzir sensações:
Assinala a utilização de reconstituições de cenários/
cenas pelo operador com recurso a encenações
ou a representações gráficas, apenas se estas
manifestamente potenciarem a exploração de
sensações no telespetador, pelo modo como são
construídas e apresentadas.
Elementos pornográficos:
Reconhece imagens e
discurso verbal de cariz erótico ou sexual, ou seja, uma
exposição ostensiva, insistente e descontextualizada no
relato do acontecimento.
Elementos violentos:
Reconhece imagens e discurso
verbal de cariz violento nas peças editadas e nos
diretos. A referência para a identificação destes
elementos é o conceito de «violência gratuita»; as
manifestações mais extremadas, físicas ou psicológicas
abrangentes de comportamentos que atentam
e a opinião, baseada em afirmações qualificativas, no
uso de adjetivos e na defesa de argumentos finalizados,
projetados em conclusões. Testa o cumprimento do
dever do operador televisivo de, nos seus serviços
informativos, distinguir a informação da opinião
de forma inequívoca aos olhos do público.
Rigor na identificação das fontes de informação:
Avalia a exatidão do operador ao explicitar a origem da
informação veiculada na peça. Considera‑se que existe
identificação total se o nome, a pertença institucional e
o cargo ou função forem referidos. Distingue a
ausência
total de referências a fontes de informação
, a sua
identificação parcial
, a
identificação de todas as fontes
mencionadas
, do
recurso explícito à confidencialidade
.
Elementos indicativos de falta de rigor na identificação
das fontes de informação:
Com o objetivo de explorar a
falta de rigor na identificação das fontes de informação,
conceptualizou‑se este indicador que se baseia no
conteúdo manifesto das peças. Definiram‑se as
seguintes seis categorias de
elementos indicativos de
falta de rigor na identificação das fontes de informação
:
1. Utilização de imagens captadas/fornecidas por
terceiros sem especificação da sua origem;
2. Autorreferência do canal como forma de atribuição
da informação
(manifesta em expressões como
«a
RTP
sabe»; «a
SIC
apurou»; «A
TVI
tem a
informação»);
3. Generalização de informações
(por exemplo,
informações cujo conteúdo corresponde a
generalizações que não são sustentadas em qualquer
fonte de informação referida na peça: «Há cada vez
mais portugueses»; informação baseada em números
sem referência à sua fonte: taxas de juros cuja fonte
não é especificada; fontes de informação referidas de
forma genérica/indeterminada: «segundo a imprensa
internacional»);
4. Fontes de informação sem qualquer identificação
(as declarações são reproduzidas sem que a peça
tenha elementos suficientes para as identificar, nem
contextualizar, como por exemplo fontes em discurso
direto ou documentos citados sem que seja possível
reconhecer a sua origem);
5. Cidadãos comuns sem indicação do nome
(cidadãos
comuns entrevistados como fontes de informação,
sem que seja referido o seu nome, ou outro modo
de identificação clara);
6. Outros elementos indicativos de falta de rigor
(incluem‑se os casos de identificação parcial
de outras fontes).