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65 anos são menos de 12 % os que acedem regularmente
à internet. Este cenário de desligamento digital dos mais
velhos continua a existir não obstante as iniciativas públi-
cas e privadas que têm procurado combater este cenário,
como os planos de ação para a sociedade da informação e
para as tecnologias da informação e comunicação.
O envio/receção de
e-mails
e o acesso a redes sociais di-
gitais são as principais atividades praticadas na internet.
O uso da rede para acesso as ditos meios tradicionais ve-
rifica-se, acima de tudo, para a consulta de jornais e revis-
tas
online
(53,6 %), seguindo-se o consumode rádio (22,7 %)
e de televisão (21,7 %), realidade alinhada como volume e
a diversidade de conteúdos oferecidos na
web
por estes
meios. Em face da queda de circulação e do consumo dos
títulos de imprensa escrita, este negócio viu-se forçado a
migrar para o digital de formamais rápida e efetiva do que
a rádio e a televisão, cuja oferta, ainda hoje, está muito
centrada na disponibilização de conteúdos em
streaming
ou já emitidos, não configurandonovidade e/ou alternativa
às funcionalidades das
boxes
, no caso da televisão.
O estudo mostra que 68 % da população da portuguesa
contacta comconteúdos de imprensa pelomenos uma vez
por semana. De entre os leitores regulares de jornais e re-
vistas, amaioria continua a consultar as edições empapel,
seguindo-se o acesso através dos
sites
oficiais das publi-
cações, dos portais agregadores e das redes sociais digitais.
Embora11,8 %dos inquiridos entre os15e os24anos tenham
afirmado que “nunca” consultam jornais ou revistas em
papel e14,2 %o façamnomáximouma vez pormês, quando
considerado o universo global da população portuguesa, os
dados revelamque as edições impressas estão ainda longe
de esgotar o seupúblico, o que é particularmente relevante
nummomento emque, emdiferentes países, diversos jornais
e revistas têmvindoaprescindir das edições físicas, passando
a estar acessíveis apenas via digital. Se tal poderá não ser
problemático para publicações dirigidas aos segmentos
mais jovens da população, para as que visam chegar a
targets
mais alargados esta parece ser uma aposta ainda
muito arriscada no caso do mercado português.
Enquantomais de dois terços da população contactamcom
jornais e revistas pelo menos uma vez por semana, 73 %
escuta regularmente rádio, em especial os indivíduos nas
faixas etárias até aos 44 anos. Tambémaqui as alterações
traduzidas pelodigital são sentidas, aindaque semantenham
práticas de consumo que refletem hábitos similares aos
que existiamno período pré-digital. Exemplo disso, o autor-
rádio continua a ser o dispositivo mais utilizado para ouvir
rádio, seguido da aparelhagem e do rádio despertador.
Contudo, entre os escalõesmais jovens, dos15aos34anos,
são jámais de20 %os que escutamrádio pelo computador.
A televisão continua a ser um meio de comunicação que
chega a praticamente todos os indivíduos. A quase totalidade
da amostra consome conteúdos televisivos, não se veri-
ficando oscilações assinaláveis em termos de género e
de idade. Não obstante, 24,3 % dos inquiridos apenas
possuem acesso aos cinco canais oferecidos em sinal
aberto, indicando, como principal razão, questões finan-
ceiras. Um estudo realizado pela Comissão Europeia em
2015
1
revelou que os portugueses pagavamcerca de 20 %
mais pelos pacotes de acesso a internet/televisão/telefone
do que amédia europeia. Paralelamente, Portugal tem feito
um investimento grande no desenvolvimento da cobertura
e da velocidade de acesso, tem diminuído os preços dos
pacotes
triple
e
quintuple-play
, levando ao aumento das
subscrições e, em matéria de consumo televisivo, tem
assistido à trivialização do uso do
timeshift
, o que não
acontece em outros países da Europa.
Apesar desta última situação, o estudo revela que 67,2 %
dos inquiridos que veemtelevisão pelomenos uma vez por
semana, só assistem a televisão “em direto”, sendo esta
uma prática mais significativa junto dos inquiridos dos
escalões etáriosmais velhos. Assim, o consumo emdiferido
é uma atividade mais recorrente junto das faixas etárias
mais jovens, numa procura de adequação dos horários de
transmissão às rotinas do dia a dia e, em especial, para
consumo de produtos de
stock
, como as séries, os filmes
e as telenovelas. A este propósito, é interessante verificar
que36,7 % considera como “nada importante” o visionamento
emdiferido para “evitar a publicidade”, o que pode, emcerta
medida, contrariar assunções instaladas sobre as práticas
de consumo dos indivíduos. Na verdade, embora o investi-
mento publicitário esteja a crescer principalmente nas
plataformas digitais, a televisão continua a ser o meio líder
de mercado, observando-se, não só o recurso ao anúncio
clássico – cada vez mais assente no
storytelling
para a
promoçãodo
engagment
–,mas tambémmediante o recurso
ao
product placement
em produtos ficcionais e de entrete-
nimento. Estratégia comercial legislada em Portugal só a
partir de2011, a colocação de produtos de grande consumo
em locais de visível destaque tem ganhado relevo nos
conteúdos de horário nobre, apresentando-se sob diversas
formas, incluindo, mais recentemente e nos canais por
subscrição, a forma virtual (colocação de marcas para o
AS
NOVAS DINÂMICAS
DO
CONSUMO AUDIOVISUAL
EM PORTUGAL
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1 http://expresso.sapo.pt/sociedade/2015-12-27-Pagamos-muito-pela-
televisao-que-temos-