Experiência: "Palavras&Cª - Jornal Escolar"
Título da Experiência
Palavras&Cª - Jornal Escolar
Estabelecimento de Ensino
Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Alter do Chão
Referência a um professor responsável
Sérgio Mendes
Experiência colocada em prática desde janeiro de 2019?
Palavras&Cª é um projeto que se encontra a ser implementado pela Biblioteca Escolar desde 2015 até à presente data.
Descreva brevemente a experiência
O Jornal Palavras&Cª é uma iniciativa da Biblioteca Escolar (BECRE) de distribuição gratuita, com periodicidade bianual e que tem, entre outros, os objetivos de estimular o sentido de pertença a uma comunidade e valorizar o trabalho desenvolvido na EPDRAC.
Experiências realizadas com alunos com idades entre os 6 e os 18 anos
Entre os 14 e os 18 anos.
Disciplinas implicadas
Área de Integração, Educação Física, Empreendedorismo, Português, Inglês, Turismo de Equitação, Equitação, Técnica de Produção Agrícola,...
Quais foram os objetivos de aprendizagem?
O projeto tem como objetivo-geral o desenvolvimento de competências de escrita e leitura na comunidade escolar. Como objetivos específicos pretende-se: i) Melhorar a compreensão de leitura de diferentes tipos de texto; ii) Promover a análise e o tratamento de textos diversificados – escritos e/ou iconográfico - através do cruzamento de informação; iii) Estimular o conhecimento do contexto envolvente; iv) Fomentar o sentido crítico e o respeito pela diferença e a diversidade; v) promover a liberdade de pensamento e de expressão; vi) Fomentar a criação de espaços de debate e diálogo; vii) Promover a autoestima e o autoconhecimento dos alunos; viii) Desenvolver a escuta ativa e ensino pela descoberta.
Qual foi a origem desta proposta?
O projeto existia desde 2015, embora com uma participação residual por parte dos alunos. A maioria dos textos estava relacionado com épocas festivas e era da autoria de um ou dois professores.
A partir de setembro de 2021 foi definido pela equipa coordenadora do projeto que era chegado o momento para se proceder a alterações. As mudanças provocadas pelo ensino a distância trouxeram uma oportunidade. A introdução da possibilidade de participação no jornal através do preenchimento de formulários permitiu que comunidade escolar se assumisse como repórter das atividades em que se encontra envolvida. Esta opção tem a vantagem de: i) valorizar as novas tecnologias, como um simples telemóvel, considerando-as como um meio para comunicar e partilhar informação; ii) se assumir como uma solução criativa que promove a escrita e o interesse por este projeto coletivo. Por conseguinte, após a preenchimento do formulário o aluno acaba por integrar, de forma voluntária, um processo não formal de aprendizagem. Nos dias seguintes é convidado, de acordo com a sua disponibilidade, a elaborar uma notícia a partir da informação inicialmente registada e a selecionar a imagem que melhor se adequa para o efeito pretendido.
Este novo procedimento contribuiu para o incremento na produção jornalística e um aumento do interesse por parte de toda a comunidade, o qual foi estimulado pela criação de novos espaços, como o suplemento Grande Reportagem, e a produção e promoção de conteúdos em multimédia, cujo acesso depende da leitura de QR Code. Por exemplo foi elaborada uma série intitulada “Como a Natureza explica o Mundo”, constituída por 5 episódios distintos e independentes entre si. Cada um deles cruza o áudio da leitura de textos com imagens que se enquadram com a realidade vigente, permitindo transmitir uma mensagem metafórica. Estes últimos projetos apenas foram possíveis porque a equipa coordenadora do Palavras&Cª frequentou a formação Capacitação Digital de Docentes."
Que metodologias foram utilizadas?
O projeto Palavras&Cª cruza vários tipos de metodologias. Todas elas colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem.
Durante as suas aulas – ensino formal – os alunos têm a possibilidade de desenvolver trabalhos que se enquadrem nos currículos previamente definidos para posterior publicação no jornal. É neste contexto que se inserem trabalhos do suplemento Grande Reportagem, como o intitulado “Vivemos no mesmo país? A saúde a segurança no Alto Alentejo…”. Para o efeito foi previamente realizada uma formação promovida pela Academia Pordata, a qual contribuiu para desenvolver competências ao nível da identificação e interpretação de dados estatísticos sobre a realidade nacional e local. Posteriormente os mesmos foram explorados durante as aulas de Área de Integração dando origem ao trabalho final apresentado.
Fora da sala de aula os alunos podem elaborar notícias de forma livre, mas orientada, num processo em que a equipa coordenadora do jornal se assume como facilitadora no acesso ao conhecimento. Este procedimento direciona os alunos ao pensamento autónomo e crítico, consciencializando-os de que são seres sociais que, de alguma forma, modificam o ambiente e os seres que o rodeiam. Aqui se insere, por exemplo, o artigo intitulado “Pensão de alimentos, um direito que não se limita aos filhos”, assim como reportagens sobre as mais diversas atividades desenvolvidas em contexto escolar."
Se um professor de outro estabelecimento de ensino estivesse interessado em replicar a iniciativa, como a explicaria?
A dinamização de um jornal escolar depende muito de um trabalho de equipa e da definição dos seus objetivos e público-alvo. Sugere-se que a equipa coordenadora comece por apresentar o projeto à comunidade educativa, informando que a participação pode ocorrer com a participação de trabalhos concluídos ou através do preenchimento de formulários disponibilizados. No primeiro caso importa que os responsáveis pelo Jornal Escolar, pela Biblioteca Escolar e os docentes das variadas disciplinas cruzem currículos e definam estratégias facilitadores para os fins a atingir. Depois dever-se-ão definir estratégias que poderão passar pela realização de pequenas formações, palestras ou workshops sobre escrita criativa, produção de texto informativo ou sobre matérias mais específicas como leitura e tratamento de dados ou outros conteúdos escolares. No fim pretende-se que os alunos consigam produzir textos relacionados com os conteúdos abordados. No que concerne a participação no jornal escolar iniciada através do preenchimento de formulários a equipa responsável deve começar por promover este instrumento. Pode fazê-lo através de cartazes ou, se possível de modo mais pessoal e informal, junto de professores, diretores de turmas e/ou delegados de turma. O importante é que todos tenham presente a existência deste instrumento e a relevância do seu uso sempre que se realize uma atividade que mereça ser reportada no jornal. Desta forma, uma vez que grande parte dos alunos comunica entre si em grupos no WhatsApp, basta que aí seja colocado o link do formulário no dia em que se realiza uma atividade e se alerte para a importância do seu preenchimento para que seja dado o pontapé de saída para um artigo. Nesse formulário devem constar os contatos dos seus autores de modo que seja efetuada uma interação posterior entre estes e os responsáveis pelo Jornal Escolar, a qual visa unicamente o estabelecimento de um auxílio no processo de construção da notícia final.
Como é que o uso *da tecnologia* enriqueceu ou melhorou a aprendizagem dos alunos?
O uso da tecnologia assumiu-se como elemento motivador. O formulário criado potenciou uma maior proximidade entre os alunos e a equipa coordenadora do projeto, ao mesmo tempo que contribuiu para identificação das informações mais relevantes para a elaboração de uma notícia. Do mesmo modo, a apresentação de conteúdos audiovisuais no jornal em formato de papel através dos quais se podia aceder através utilização de QR Code contribuiu para aumentar o envolvimento dos participantes na sua conceção e a curiosidade dos leitores desta publicação.
Qual o grau de participação e de envolvimento dos alunos?
O facto de, no espaço de um ano, o jornal ter duplicado o número de páginas e de mais de 50 % dos seus artigos passar a ser da autoria dos alunos é revelador da sua maior participação e envolvimento.
Que estratégias e instrumentos de avaliação foram utilizados?
A avaliação foi efetuada através da contabilização do nº de artigos produzidos e da identificação da sua autoria - professores ou alunos.
Quais foram as principais conclusões e avaliações tiradas após colocar em prática essa experiência?
Esta experiência permitiu demonstrar que as novas tecnologias, como é o caso de um simples telemóvel, podem assumir-se como um instrumento motivador, não só para o acesso e tratamento de informação diversificada como, também, para a produção de textos. Para o efeito importa apenas que esta utilização seja devidamente orientada. Esta é a melhor forma de garantir que estas potencialidades não sejam corrompidas pelo uso indevido que, em muitos casos, está na origem de muita da desinformação que prolifera nas sociedades atuais.
Qual o impacto desta experiência nos alunos e no seu ambiente?
Esta experiência contribuiu para fortalecer o espírito de pertença a uma comunidade. Neste momento em todas as turmas é possível identificar um ou mais alunos que são responsáveis por reportar todas as atividades que aí são desenvolvidas. Paralelamente são cada vez mais os docentes que se encontram a desenvolver projetos coletivos cujo produto final é um artigo a publicar no jornal. De entre estes incluem-se artigos centrados em temas como o combate ao desperdício alimentar, o combate à corrupção, a inovação tecnológica no campo agrícola ou a literacia financeira.
Que melhorias incluiria se repetisse esta experiência?
Quando a iniciativa estiver devidamente consolidada pretende-se que os conteúdos produzidos deixem de se limitar a uma dimensão escrita, passando a assumir uma dimensão audiovisual. No nosso entender o projeto ficará mais rico quando puder contemplar vídeos e podcasts devidamente estruturados.
Gostaria de fazer algum comentário adicional?
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=Vutt95fvgmk
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