ERC analisa pluralismo e diversidade nos serviços noticiosos em 2023
A ERC — Entidade Reguladora para a Comunicação Social publica, esta sexta-feira, o Relatório de Análise do Pluralismo e da Diversidade na Informação Diária de Horário Nobre da RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV, ao longo do ano 2023.
Esta análise é feita por amostragem e considera variáveis que permitem identificar os principais temas cobertos, os enfoques geográficos privilegiados, as fontes e os atores (protagonistas) em 3952 peças de noticiários. O trabalho foi elaborado pelo Departamento de Análise de Media da ERC.
Os resultados apurados revelam que as três temáticas dominantes no “Telejornal” (RTP1) são a política nacional, política internacional e desporto, enquanto no “Jornal da Noite” (SIC) e “Jornal Nacional” (TVI) os temas em destaque são a política nacional, política internacional e ordem interna. No “Jornal 2” (RTP2) a política nacional, política internacional e cultura constituem as temáticas dominantes. No “Grande Jornal” (CMTV) a ordem interna, política nacional e sistema judicial reúnem 64 % das peças deste serviço noticioso.
A análise conduzida pela ERC conclui ainda que, em 2023, a política internacional regista maior expressão em comparação com os anos anteriores, sendo a subcategoria temática conflitos armados a mais frequente.
Em termos de diversidade geográfica observa-se que a maioria das peças dos noticiários cobre acontecimentos ocorridos ou com alcance no território nacional. As diferentes regiões de Portugal são referidas pelos noticiários. Contudo, grande parte dos assuntos relacionados com o país é mencionada de forma genérica sem que seja destacada uma região particular, com exceção do “Grande Jornal” (CMTV), que se destaca por apresentar o maior número de peças sobre acontecimentos ou factos (principalmente da ordem interna) relacionados com as diferentes regiões do país.
Verifica-se que predomina na cobertura informativa o que acontece ou se relaciona com a região da Grande Lisboa e constata-se que a Região Autónoma da Madeira, a Região Autónoma dos Açores, o Alentejo e o Algarve surgem num número residual de peças.
No que diz respeito à diversidade e ao pluralismo de fontes de informação explicitadas nas peças analisadas, constata-se que as fontes oriundas das áreas da política nacional, política e comunidade internacional e sociedade estão mais presentes nos noticiários da RTP1, SIC e TVI. No “Jornal 2” (RTP2), além da política nacional e da política e comunidade internacional, destacam-se também as fontes da política e comunidade europeia; por seu lado, no “Grande Jornal” (CMTV) a política nacional, ordem interna e sociedade são as categorias de fontes mais frequentes.
As fontes de informação do sexo masculino sobressaem em todos os serviços noticiosos, sendo o “Jornal 2” o bloco informativo onde esta tendência é mais evidente, com um peso de 81%. As fontes noticiosas do sexo feminino apresentam um peso de 17% no serviço noticioso da RTP2, e um peso de 27 % no “Telejornal”, da RTP1 e no “Jornal da Noite”, da SIC.
Na vertente da análise que foca a diversidade e pluralidade dos protagonistas, constata-se que a generalidade das peças dos telejornais de horário nobre é personalizada e, apesar de haver diversidade e pluralismo, os atores principais pertencem, em primeiro lugar, às categorias da política nacional (o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e vários ministros), exceto no “Grande Jornal” (CMTV), onde dominam os atores da ordem interna (vítimas). Os protagonistas da política e comunidade internacional também têm destaque, particularmente o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
As peças são protagonizadas sobretudo por homens de nacionalidade portuguesa, com destaque para o Presidente da República, ministros, secretários-gerais e presidentes dos partidos, atletas e técnicos desportivos e Primeiro-ministro.
As protagonistas do sexo feminino — nacionais e estrangeiras — continuaram a estar representadas em minoria na amostra de 2023, adquirindo especial visibilidade na qualidade de "vítimas", mas também sobressaindo em posições de liderança, como as ex-dirigentes da TAP Christine Ourmières-Widener e Alexandra Reis e ministras.
Refira-se ainda que a presença de cidadãos portadores de deficiência, de migrantes e das minorias étnicas, religiosas, linguísticas e culturais regista um peso marginal nas peças dos serviços noticiosos analisados, tanto como fonte de informação como protagonistas da peça.
A versão integral do Relatório “Análise do Pluralismo e da Diversidade na Informação Diária de Horário Nobre da RTP1, RTP2, SIC, TVI e CMTV em 2023” pode ser lida aqui.